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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

W. Somerset Morgan e a xícara de chá

William Somerset Maugham (1874 -1965) extraordinário romancista e dramaturgo britânico, quando em Nova York, tinha como costume hospedar-se no Ritz Carlton Hotel. Um determinado dia, um funcionário do hotel que já pegara amizade com o ilustre hospede perguntou-lhe qual era o motivo de sempre colocar uma velha xícara rachada sobre a mesinha da ante sala. Com a simpatia de sempre, um sorriso encantador, ele respondeu:
- Uma das principais finalidades é lembrar-me, sempre que a ocasião necessite, de que as melhores coisas desta nossa curta vida são as mais simples – e, infelizmente, na maioria das vezes pouco apreciadas, simplesmente porque as deixamos de notar.
Para não perder a oportunidade, contou-lhe a história daquele intrigante objeto.
Em 1940, quando a França capitulou, varias centenas de ingleses que residiam no sul da França foram retirados em dois pequenos navios de carga, que necessitavam utilizar rotas alternativas, em verdadeiro ziguezague para ludibriar os submarinos do inimigo que infestavam aquelas águas.
Os dois navios estavam superlotados e disputavam-se palmo a palmo qualquer centímetro que porventura pudesse existir; para tornar ainda mais dramática a situação, o sol terrível do verão tornava os tombadilhos em verdadeiras fornalhas.
Por incrível que possa parecer, o momento mais desejado e esperado com ansiedade era o da distribuição daquela reduzida porção de alimento, na verdade, não muito diferente da “lavagem” dada aos porcos em tempos de paz. Imundos, olhos esbugalhados, esfomeados, e sobretudo sedentos, os fugitivos faziam fila para ganhar a sua parte.
- Eis aí – apontando para aquela velha xícara - o recipiente que deveria armazenar a minha parcela diária do precioso liquido, aquela abençoada água.
Quando no decorrer de um período, percebo que estou ficando um pouco exigente, não grato, vaidoso, com soberba e crente que tenho direitos adquiridos aos melhores recantos de luxo e confortáveis em que me alojo, pego a xícara e encho com água e bebo, bem devagar, estalando os dentes, agradecendo á Deus pela oportunidade.
Esse simples procedimento me traz de volta à realidade da vida.

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